O
pedido de demissão do agora ex-ministro da Saúde, Nelson Teich, após permanecer
29 dias no cargo, repercutiu na imprensa internacional. "É o dia mais
triste da minha vida. Não vou manchar a minha história por causa da
cloroquina”, disse, ao entrar em colisão com o presidente Jair Bolsonaro (sem
partido) por não endossar a ampliação do uso da substância para tratar o novo
coronavírus, da forma defendida pelo presidente — e cuja eficácia não tem
comprovação científica.
O
jornal americano The New York Times destacou o embate entre o ex-ministro da
Saúde e Bolsonaro em relação às medidas restritivas implementadas para combater
a pandemia no país. O veículo também fez uma comparação com o ministro
anterior, Luiz Henrique Mandetta, que havia enfrentando problemas semelhantes.
“Enquanto
governadores e prefeitos em grande parte do país pedem para os brasileiros
ficarem em casa o máximo possível, Bolsonaro implora para que a população saia
para trabalhar, com a justificativa de que uma desvantagem econômica seria mais
prejudicial ao país do que o vírus”, escreveu New York Times. Outro fato
reportado pelo jornal também aconteceu nesta semana, quando o presidente da
República classificou as academias, barbearias e salões de beleza como
atividades essenciais.
“Ele
[Bolsonaro] repetidamente minimizou a pandemia, comparando a Covid-19 como
"um resfriado moderado" e elogiou uma droga não comprovada como um
tratamento eficaz. Quando questionado, no final de abril, sobre o número
crescente de mortos no Brasil, ele disse: “E daí? Desculpe, mas o que você quer
que eu faça?”, reportou o jornal.
O
jornal The Washington Post noticiou as manifestações que ocorreram após o
anúncio da saída do ministro. “Depois que a demissão de Teich foi anunciada,
foram ouvidos protestos em diferentes regiões de São Paulo e Rio de Janeiro”,
escreveu. Além das manifestações, o jornal também mencionou que o uso da
cloroquina também é defendida pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
“A
droga, usada contra a malária, foi amplamente elogiada pelo presidente dos EUA,
Donald Trump, como tratamento. Mas os pesquisadores no mês passado não
relataram benefícios em uma grande análise do medicamento”, destacaram. “No mês
passado, cientistas no Brasil interromperam parte de um estudo sobre a
cloroquina, após o desenvolvimento de problemas cardíacos em um quarto das
pessoas”.
“Nos
últimos dias, a relação entre Bolsonaro e o seu ministro da Saúde deu sinais de
degradação. Entre as causas, estavam as ressalvas apresentadas por Teich em
relação à utilização da hidroxicloroquina”, destaca o jornal.
Europa
O
jornal britânico The Guardian considerou a saída de Teich como uma “renúncia
abrupta”, um dia após o Brasil anunciar que ultrapassou 200 mil casos
confirmados de Covid-19 e ter registrado quase 14 mil mortes. O veículo também
falou sobre os embates que tanto Teich, quanto o ex-ministro Mandetta, tiveram
com o presidente durante o mandato.
A
BBC noticiou em uma breve nota a saída de Nelson Teich, ressaltando que o
Brasil é o país mais afetado pela pandemia na América Latina. Além disso, a
emissora destacou que o ministro não foi consultado sobre o decreto
presidencial que trata das atividades essenciais, editado nesta semana pelo
presidente Jair Bolsonaro.
"Na
segunda-feira, Bolsonaro declarou academias e salões de beleza como serviços
essenciais que podem permanecer abertos durante o novo surto de coronavírus,
mas Teich disse que seu ministério não foi consultado", escreveu a BBC.
Na
manchete do jornal português Público, chama a atenção o fato de ser o segundo
ministro da Saúde a sair do cargo em menos de um mês. Eles também falam sobre a
possibilidade do general Eduardo Pazuello, atual secretário-executivo da pasta,
assumir o cargo de Teich.
América
do Sul
O
jornais argentinos Clarín e La Nación destacam que, em meio à crise sanitária
causada pelo novo coronavírus, a maior autoridade de saúde do Brasil estaria
com dificuldades para atuar na pasta devido às diferenças de posicionamento
entre o presidente.
O
jornal El Observador, do Uruguai, destacou que apesar do uso da cloroquina não
ser comprovado cientificamente, o medicamento tem sido defendido pelo
presidente Jair Bolsonaro. "Ao assumir, Teich prometeu um 'alinhamento
total' com Bolsonaro, mas nos últimos dias as divergências entre os dois se
manifestaram", destacam.
"Por
outro lado, o ministro sofreu um grave desrespeito na semana passada, quando
Bolsonaro incluiu, sem consultá-lo, academias e cabeleireiros na categoria de
'atividades essenciais' que poderiam permanecer abertas nos estados onde os
governadores impunham medidas de quarentena ou isolamento social",
noticiou o jornal uruguaio.
Já
o jornal La Tercera, do Chile, escreveu: "como seu antecessor, Teich teve
várias divergências com o Chefe de Estado e a maneira como o coronavírus
deveria ser enfrentado no Brasil".
CNN BRASIL
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